Bandeiras com foice e martelo sobre
gabinetes do governo no centro de Vientiane, capital do Laos. A entrada para o
museu nacional é decorada com enormes esculturas glorificando a luta
revolucionária dos trabalhadores. Oficialmente, este país pouco povoado, que já
foi o foco de uma guerra secreta estadunidense, ainda é comunista – e tem sido
assim desde 1975.
Em junho de 2009, o governo de Obama declarou que o Laos, o país que os Estados Unidos tentaram ao máximo evitar que tombasse pelo comunismo durante a Guerra do Vietnã, “deixou de ser um país marxista-leninista”. Após declarações similares nas últimas décadas em relação à China e ao Vietnã, a Casa Branca fez a afirmação sem alarde, em um memorando que cancelou a proibição de financiamentos a empresas laosianas por parte do Banco de Exportação-Importação dos Estados Unidos.
Em junho de 2009, o governo de Obama declarou que o Laos, o país que os Estados Unidos tentaram ao máximo evitar que tombasse pelo comunismo durante a Guerra do Vietnã, “deixou de ser um país marxista-leninista”. Após declarações similares nas últimas décadas em relação à China e ao Vietnã, a Casa Branca fez a afirmação sem alarde, em um memorando que cancelou a proibição de financiamentos a empresas laosianas por parte do Banco de Exportação-Importação dos Estados Unidos.
Entrada do Museu Nacional do Laos é decorada com estátuas glorificando a luta revolucionária dos trabalhadores. |
Porém, em Vientiane, as notícias da
mudança na política estadunidense foram desconcertantes para Klongmanee Boonliang,
a simpática vendedora de uma livraria administrada pelo governo. Marx e Lênin
ainda são os mais vendidos, disse ela. Todos os meses, escolas e escritórios
compram de 400 a 500 retratos do tamanho de pôsteres dos dois e os penduram em
locais de destaque. “O Sorriso de Lênin”, um dos muitos folhetos enaltecendo o
líder soviético, também vende muito bem. “Ele foi uma pessoa corajosa e
inteligente’, disse ela. “Todos aprendem com ele. Isso ainda é importante”.
Essas percepções conflitantes são comuns nesta antiga colônia francesa que se tornou ponto focal de grandes poderes durante a Guerra do Vietnã apenas para cair na obscuridade após o fim da Guerra Fria. Sem saída para o mar e montanhoso, o Laos tem a reputação de ser mais sonolento que seus vizinhos. Hoje, no entanto, o turismo e uma próspera indústria têxtil começaram a criar uma classe média urbana. As ruas de Vientiane são cheias de sinais do consumo excessivo: Hummers, Mercedes e outros carros de luxo.
Com a riqueza, veio também o desejo por liberdades ocidentais. Em uma academia no centro da cidade, um grupo de garotas adolescentes passa suas tardes praticando passos de dança que podem envergonhar adolescentes em Los Angeles, quanto mais os membros do Lao Politburo. O capitalismo está realizando incursões no Laos, mas dominar a ideologia pode exigir certa re-educação. O país deve abrir sua primeira bolsa de valores no próximo ano, um plano que levou jornais locais a publicar uma série de artigos apresentando um glossário de termos capitalistas (“Um mercado de ações é como qualquer outro mercado”, dizia um artigo esclarecedor. “Tudo tem um preço”).
O discurso oficial do governo é que o Laos é uma democracia de partido único – somente membros do Partido Comunista Revolucionário Popular do Laos podem concorrer às eleições. “A teoria marxista-leninista é prática e casa perfeitamente com a situação atual no Laos", disse o presidente Choummali Saignason em um discurso para veteranos militares este ano, relatado no jornal Vientiane Times, de língua inglesa.
Mesmo assim, alguns representantes do governo são entusiasmadamente empreendedores. Autoridades provinciais motivaram a construção de cassinos lucrativos que satisfazem os desejos de apostadores chineses e tailandeses (cidadãos do Laos não são permitidos). Em Vientiane, o Ministério de Relações Exteriores cobra um milhão de kip, que corresponde a cerca de US$ 129, por uma “taxa de registro” para a visita de jornalistas, e US$ 24 para cada dia de permanência no Laos – quantias altas para este país pobre.
Essas percepções conflitantes são comuns nesta antiga colônia francesa que se tornou ponto focal de grandes poderes durante a Guerra do Vietnã apenas para cair na obscuridade após o fim da Guerra Fria. Sem saída para o mar e montanhoso, o Laos tem a reputação de ser mais sonolento que seus vizinhos. Hoje, no entanto, o turismo e uma próspera indústria têxtil começaram a criar uma classe média urbana. As ruas de Vientiane são cheias de sinais do consumo excessivo: Hummers, Mercedes e outros carros de luxo.
Com a riqueza, veio também o desejo por liberdades ocidentais. Em uma academia no centro da cidade, um grupo de garotas adolescentes passa suas tardes praticando passos de dança que podem envergonhar adolescentes em Los Angeles, quanto mais os membros do Lao Politburo. O capitalismo está realizando incursões no Laos, mas dominar a ideologia pode exigir certa re-educação. O país deve abrir sua primeira bolsa de valores no próximo ano, um plano que levou jornais locais a publicar uma série de artigos apresentando um glossário de termos capitalistas (“Um mercado de ações é como qualquer outro mercado”, dizia um artigo esclarecedor. “Tudo tem um preço”).
O discurso oficial do governo é que o Laos é uma democracia de partido único – somente membros do Partido Comunista Revolucionário Popular do Laos podem concorrer às eleições. “A teoria marxista-leninista é prática e casa perfeitamente com a situação atual no Laos", disse o presidente Choummali Saignason em um discurso para veteranos militares este ano, relatado no jornal Vientiane Times, de língua inglesa.
Mesmo assim, alguns representantes do governo são entusiasmadamente empreendedores. Autoridades provinciais motivaram a construção de cassinos lucrativos que satisfazem os desejos de apostadores chineses e tailandeses (cidadãos do Laos não são permitidos). Em Vientiane, o Ministério de Relações Exteriores cobra um milhão de kip, que corresponde a cerca de US$ 129, por uma “taxa de registro” para a visita de jornalistas, e US$ 24 para cada dia de permanência no Laos – quantias altas para este país pobre.
Livros de Vladimir Lênin são vendidos em uma livraria administrada pelo governo. 'Obras de Marx e de Lênin estão entre as mais vendidas', diz vendedora. |